3.2.13

'O DOCE SÓ EXISTE POR CAUSA DO AMARGO'

ENFIM, MAIS UM FIM...
mesmo demorando mais de mês... aqui está, mais uma vez, ele: O RESUMO DO ANO!
dois mil e doze não foi nada doce, como a sugestão. aliás, foi um ano amargo por demais.
começou tranquilo, como todo começo é. mas logo no segundo mês do ano, começaram as perdas. que só terminaram no último mês do ano.
foi assim meu ano todo... perdi amigos, parentes, amores, animais, minha santa paz inventada. perdi A MÃO... me deixei levar e não levei nada a sério. não tinha como dar certo, certo?!? mas não é que deu. mas isso foi só no final. lá no finalzinho...
a primeira GRANDE perda foi de um GRANDE homem, que passou pela minha vida me mostrando que GRANDE mulher eu sou e que nada de PEQUENO me derrubaria. e me mostrava isso se fazendo pequeno e tentando me derrubar, acredita?!?
e eu o perdi para sempre. e aprendi a acreditar que NÓS fazemos nosso futuro. e lá está meu GRANDE homem... no lugar que ele gostaria de estar. como ele disse que estaria. #182 fatality list basejump
mesmo sabendo que tudo correu como Ele quis, eu não queria perder alguém que me jogou aqui, onde eu estou. mas eu não decido nada, então... adeus amore mio. ci vediamo dopo.
depois dessa enorme perda, entrei em um filme de terror! não fui personagem principal, mas fui uma coadjuvante tão presente, que a ferida dói até agora. toda aquela dor, todo aquele sofrimento vivido por uma mulher/amiga/irmã tão tão RARA e tão AMADA, me fizeram sangrar como se fosse em mim. 
e tive que me despedir de mais uma GRANDE mulher. dessa vez não para sempre, mas para longe... e eu sinto tanta falta dela, mas tanta... que sonho em reencontrá-la só pra ouvir aquela linda gargalhada.
me senti tão perdida que senti uma forte necessidade de voltar pra casa, ver minha família, os lugares, reviver o que nunca mais seria vivido.
e o universo conspira pra que eu perca mais amores...
TUDO aconteceu pra que os planos mudassem e então... TUDO mudou.
e continuei perdendo pra mim mesma. me sabotando, me culpando, me afastando de mim.
por um momento esqueci tudo que me ensinaram, mas só por um momento.
não esqueci de não tentar evitar o inevitável... e passei boa parte do ano dançando a música da vida. 
comecei a abrir espaço pra entrar quem tivesse que entrar e pra sair quem quisesse sair.
TUDO e NADA aconteciam quase que sequencialmente... e começou uma confusão que me deixou esquizofrenicamente confusa. tão confusa que comecei a acreditar em tudo que EU sempre soube que era mentira e 'vi um camundongo como um elefante'.
mas como eu disse, não tentei evitar o inevitável. fiz o que pude pra ficar e depois, depois de tantas perdas me senti perdida e já não sabia o que era mesmo meu e o que eu já tinha perdido. o melhor a fazer é ir pra casa. de longe se vê melhor e no colo da mãe as dores nunca são tão fortes.
ainda não esqueço o eco e a fumaça que saiam do MEU quarto... tão bom ver seu real valor no SEU lugar, com os SEUS...
reencontrei pessoas fantásticas, que me jogavam na cara o tempo todo meu REAL valor. me dizia que em dez anos não encontrou alguém como eu e que ainda sentia o mesmo calafrio quando olhava nos meus olhos...
e mesmo eu estando tão longe da minha real realidade, lá vai o universo conspirar e o mundo girar. e jogar aquele camundongo no meu prato!
mas quer saber... já vi que de elefante o camundongo não tem nada. e que EU sou a primeira pessoa do singular. e que devo procurar minha paz no ESPELHO.
e foi lá mesmo, no espelho que eu me encontrei.
me vi numa gargalhada, me ouvi em um olhar... ouvi as mesmas descrições de quem me conhecia a mais de 10 anos... e entre elogios e eufemismos, entendi que sou ardida... e que eu gosto disso.
mas mesmo vivendo momentos lindos em dias fantásticos. a minha real realidade continuou batendo a minha porta. e eu tinha que voltar a realidade... afinal, eu faço minhas escolhas e minhas escolhas me fazem.
e eu escolhi ser feliz, livre e LEVE. mas sem deixar de ser ardida... meu mais novo eufemismo favorito (sim, ardida é um eufemismo)
e eu voltei tão decidida a não perder mais nada que eu ganhei um muleque apaixonado e arrependido, como nunca eu tinha visto antes.
ganhei uma dor de cabeça gigante só por respeitar o tempo... e acabou que o camundongo acreditou ser um elefante... e mais do que isso, acreditou (piamente) que eu era o camundongo. enfim. eu cansei de viver tantas mentiras e de me sentir desrespeitada por camundongos.
tentei me conectar ao espelho, não esquecer do que eu vi no espelho, do que eu senti no espelho... mas estando tão longe da minha casa e tão próxima da minha real realidade... cedi mais uma vez aos encantos dos desencantos.
e o que óbviamente não presta sempre me interessou muito (como à clarisse). e aprendi a respeitar os limites de todos. inclusive os meus.
e no fim do ano, depois de passar pela pior e pela melhor parte. pensei em passar com os meus... mas não consegui, eu quis, mas não pude. e heis que eu tenho a maior das maiores perdas... a GRANDE MULHER da minha vida, que me guiou, me ensinou muito, me benzeu se foi... não pude me despedir da minha rainha. não com um cheiro, mas só com palavras. e GRAÇAS, eu falei essas palavras. só não disse vá com Deus minha rainha, mas pedi pros deuses lhe darem um manto e arrumarem seu canto pra que descances ao lado do seu grande amor... que lhe buscou no aniversário dele.
óbviamente entre tantas perdas tive momentos muito, muito felizes neste ano, mas eles ficaram esmagados entre minhas tragédias pessoais. e isso tudo só serviu pra me mostrar que o universo realmente conspira. pra que tudo vá para o seu devido lugar, seja ele qual for, seja ele onde for.

se avexe não...
amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.
se avexe não... 
a lagarta rasteja até o dia em que cria asas.
se avexe não...
que a burrinha da felicidade nunca se atrasa.
se avexe não...
amanhã ela pára na porta da sua casa.

se avexe não...
toda caminhada começa no primeiro passo.
a natureza não tem pressa, segue seu compasso.
iInexoravelmente chega lá.
se avexe não...
observe quem vai subindo a ladeira
seja princesa ou seja lavadeira
pra ir mais alto vai ter que suar
 

22.11.12

THE GENIUS OF THE CROWD - A ÍNDOLE DAS MULTIDÕES - BUKOWSKI

.
ACREDITO QUE AS PESSOAS SE DIVIDAM EM DOIS GRUPOS:
OS ORDINÁRIOS E OS EXTRAORDINÁRIOS!
eu não tenho dúvida de qual grupo eu me encontro... nem tenho a menor dúvida do grupo em que VOCÊ se encontra...
#leituraobrigatória

há suficiente traição, ódio, violência,
absurdo no ser humano comum
para abastecer qualquer exército a qualquer momento.
e os melhores assassinos são aqueles
que pregam contra o assassinato.
e os melhores no ódio são aqueles
que pregam AMOR
e os melhores na guerra -enfim- são aqueles que pregam o a PAZ

aqueles que pregam Deus precisam de Deus
aqueles que pregam paz não têm paz.
aqueles que pregam amor não têm amor
CUIDADO COM OS PREGADORES
cuidado com os conhecedores.

cuidado com aqueles
que estão sempre lendo livros
cuidado com aqueles que ou destestam a pobreza ou orgulham-se dela

cuidado com aqueles rápidos em elogiar
pois eles precisam de elogios em retorno

cuidado com aqueles rápidos em censurar:
eles temem o que desconhecem

cuidado com aqueles que procuram constantemente multidões;
eles não são nada sozinhos.

cuidado!
o homem vulgar
a mulher vulgar
CUIDADO COM O AMOR DELES

seu amor é vulgar, 
busca vulgaridade.
mas há força em seu ódio
há força suficiente em seu ódio para matá-lo, 
para matar qualquer um.

não esperando solidão
não entendendo solidão
eles tentarão destruir qualquer coisa
que difira deles mesmos

não sendo capazes de criar arte
eles não entenderão a arte

considerarão seu fracasso como criadores
apenas como falha do mundo

não sendo capazes de amar plenamente
eles acreditarão que seu amor é incompleto
ENTÃO TE ODIARÃO

e seu ódio será perfeito
como um diamante brilhante
como uma faca
como uma montanha
como um tigre
como cicuta

sua mais refinada
ARTE

12.11.12

EROS E PSIQUE - FERNANDO PESSOA

Conta a lenda que dormia  

Uma Princesa encantada  
A quem só despertaria  
Um Infante, que viria  
De além do muro da estrada.  


Ele tinha que, tentado,  

Vencer o mal e o bem,  
Antes que, já libertado,  
Deixasse o caminho errado  
Por o que à Princesa vem.  


A Princesa Adormecida,  

Se espera, dormindo espera,  
Sonha em morte a sua vida,  
E orna-lhe a fronte esquecida,  
Verde, uma grinalda de hera.
  

Longe o Infante, esforçado,  

Sem saber que intuito tem,  
Rompe o caminho fadado,  
Ele dela é ignorado,  
Ela para ele é ninguém.  


Mas cada um cumpre o Destino  

Ela dormindo encantada,  
Ele buscando-a sem tino  
Pelo processo divino  
Que faz existir a estrada.  


E, se bem que seja obscuro  

Tudo pela estrada fora,  
E falso, ele vem seguro,  
E vencendo estrada e muro,  
Chega onde em sono ela mora,
  

E, inda tonto do que houvera,  

À cabeça, em maresia,  
Ergue a mão, e encontra hera,  
E vê que ele mesmo era  
A Princesa que dormia.