22.11.12

THE GENIUS OF THE CROWD - A ÍNDOLE DAS MULTIDÕES - BUKOWSKI

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ACREDITO QUE AS PESSOAS SE DIVIDAM EM DOIS GRUPOS:
OS ORDINÁRIOS E OS EXTRAORDINÁRIOS!
eu não tenho dúvida de qual grupo eu me encontro... nem tenho a menor dúvida do grupo em que VOCÊ se encontra...
#leituraobrigatória

há suficiente traição, ódio, violência,
absurdo no ser humano comum
para abastecer qualquer exército a qualquer momento.
e os melhores assassinos são aqueles
que pregam contra o assassinato.
e os melhores no ódio são aqueles
que pregam AMOR
e os melhores na guerra -enfim- são aqueles que pregam o a PAZ

aqueles que pregam Deus precisam de Deus
aqueles que pregam paz não têm paz.
aqueles que pregam amor não têm amor
CUIDADO COM OS PREGADORES
cuidado com os conhecedores.

cuidado com aqueles
que estão sempre lendo livros
cuidado com aqueles que ou destestam a pobreza ou orgulham-se dela

cuidado com aqueles rápidos em elogiar
pois eles precisam de elogios em retorno

cuidado com aqueles rápidos em censurar:
eles temem o que desconhecem

cuidado com aqueles que procuram constantemente multidões;
eles não são nada sozinhos.

cuidado!
o homem vulgar
a mulher vulgar
CUIDADO COM O AMOR DELES

seu amor é vulgar, 
busca vulgaridade.
mas há força em seu ódio
há força suficiente em seu ódio para matá-lo, 
para matar qualquer um.

não esperando solidão
não entendendo solidão
eles tentarão destruir qualquer coisa
que difira deles mesmos

não sendo capazes de criar arte
eles não entenderão a arte

considerarão seu fracasso como criadores
apenas como falha do mundo

não sendo capazes de amar plenamente
eles acreditarão que seu amor é incompleto
ENTÃO TE ODIARÃO

e seu ódio será perfeito
como um diamante brilhante
como uma faca
como uma montanha
como um tigre
como cicuta

sua mais refinada
ARTE

12.11.12

EROS E PSIQUE - FERNANDO PESSOA

Conta a lenda que dormia  

Uma Princesa encantada  
A quem só despertaria  
Um Infante, que viria  
De além do muro da estrada.  


Ele tinha que, tentado,  

Vencer o mal e o bem,  
Antes que, já libertado,  
Deixasse o caminho errado  
Por o que à Princesa vem.  


A Princesa Adormecida,  

Se espera, dormindo espera,  
Sonha em morte a sua vida,  
E orna-lhe a fronte esquecida,  
Verde, uma grinalda de hera.
  

Longe o Infante, esforçado,  

Sem saber que intuito tem,  
Rompe o caminho fadado,  
Ele dela é ignorado,  
Ela para ele é ninguém.  


Mas cada um cumpre o Destino  

Ela dormindo encantada,  
Ele buscando-a sem tino  
Pelo processo divino  
Que faz existir a estrada.  


E, se bem que seja obscuro  

Tudo pela estrada fora,  
E falso, ele vem seguro,  
E vencendo estrada e muro,  
Chega onde em sono ela mora,
  

E, inda tonto do que houvera,  

À cabeça, em maresia,  
Ergue a mão, e encontra hera,  
E vê que ele mesmo era  
A Princesa que dormia.