31.12.09

finalmente finalizando!


parece que foi ontem que vi as pessoas com nicks de 2000-INOVE e agora estamos no último dia do ano de dois mil i nove... inovou mesmo...

e pra começar a falar de dois mil e nove tenho que falar de coisas VELHAS... velhas como a minha página velha. que eu TIVE que fechar por uma FORÇA maior. força aliás que regeu meu ano.
janeiro começou manso... calmo... calmo demais pra ser verdade. e não era verdade mesmo, era a calma de hiroshima antes da bomba.
um acidente. vários incidentes e lá estava eu, vivendo na minha santa paz inventada...

foi bom, as vezes. quando a verdade não gritava na minha cara que eu não passava de uma bela mentira.
eu não suporto mentiras e descobri que isso é hereditário!
fugi tanto do mundinho de mentiras que tava me cercando que me vi sem muitas opções...
mas parece que no meio de um monte de mentiras algumas coisas em mim se mostravam muito verdadeiras.
as mudanças eram verdadeiras. e positivas.
e foi então que eu resolvi mudar o meu status de vira-lata... e abri esse espaço. que mesmo não tendo a minha cara, tem a mim. por inteiro. meu nome e sobrenome... agora sim, tá tudo assinado.


 e eu resolvi que sendo EU a primeira pessoa do singular, as regras de concordância verbal me impunham que os verbos conjugados concordassem em gênero, número e grau!
sendo assim... entrei em LETRAS na CATÓLICA! e dessa vez, cursei, que é mais importante.
e cooomo essa faculdade consumiu meu ano! de maneira fantástica, confesso, mas senhor... como ler é complicado.
digo, não ler apenas de forma decodificadora, mas também de forma parafrástica e principalmente da forma polissemica!
analisar Gil Vicente, Franz Kafka, Ariano Suassuna, Willian Shakespeare só no primeiro semestre foi um tranco e tanto.
aaaafe como eu mudei meu conceito sobre inteligência...
INTELIGENTE não é só você tirar notas boas nas provas, mas é deixar de sair em um sábado a noite pra tirar notas boas nas provas... é aí que a banda toca. é aí que entra a concordância nominal.
parei, parei, parei...
mas não sem antes falar que só sendo muito dedicada para passar em LATIM tendo as aulas sábado as 7:30 DA MANHÃ! [umaputasacanagem]

este foi um ano de EXTREMOS, ora você bate a cabeça no fundo, ora você consegue flutuar...

o mundo parecia que iria explodir a qualquer minuto e logo após apresentava um pôr-de-sol multi colorido. os seres humanos também oscilavam entre o céu e o inferno, apesar de a espécie ter propenção ao caos, como explicou Smith pra Morpheus em Matrix.
foi um ano que por muitas vezes me sentia sozinha em meio as multidões. e isso só me dava mais vontade de voltar pra casa.
aprendi o valor de se ter casa. o significado da palavra família: é o que você vai ser [e ter] quando você crescer.
cansei do caos que o planeta virou. e esse ano só me mostrou o valor do silêncio e da palavra.
as palavras destroem impérios ou levantam castelos... mas o valor do silêncio é imensurável e quando usado de forma inteligênte, valem mais do que muitas palavras.
as vezes uma bronca é necessária, as vezes é um estopim.
aprendi que o silêncio é a virtude dos loucos.


aprendi que sócrates estava certo quando disse DEIXA QUEM QUER MUDAR O MUNDO PRIMEIRO MUDAR A SI MESMO.
esse ano me ensinou a fazer a minha parte!
2010! um número redondo para um ano que vai ser um ano redono!!!



ABRE A PORTA E VAI ENTRANDO... FELICIDADE VAI BRILHAR NO MUNDO!


26.12.09

insanidade ilusória [?!?!]


não vou fechar o ano ainda. mas o farei em breve...
esse ano precisa mesmo ser FECHADO!
chega!
basta!
enought!
ano muito calmo
muito agitado
muito barulho
muito silêncio
 
calmo como hiroshima em agosto de 45

é como se a minha sanidade fosse mesmo insana
e a realidade bem irreal

[I´m ready for my close up now]

20.12.09


faz bastante tempo que li esse texto no espelho... melhor refletir.

Para Maria da Graça
(Paulo Mendes Campos)
Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro:
Alice no país das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da
realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice
faz à gatinha: "Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?".
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.
Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira. A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável.
Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes consequências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!" Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato.
Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu?".
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhastes.
Disse o ratinho: !"Minha história é longa e triste" Ouvirás isso milhares de vezes.
Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas.
Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas."
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso, ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.